Esta é a história de dois irmãos que nasceram bem diferentes um do outro.
Wan Liang, assim se chamava um deles, era alto e forte e aprendia com facilidade tudo o que lhe ensinavam. Lao Ta, o outro irmão, era muito baixo. As suas costas curvavam-no de tal forma que dificilmente conseguia erguer os olhos do chão. Só os pássaros o compreendiam e com ele conseguiam comunicar.
Desde crianças, os dois irmãos foram criados e educados de igual forma pelo tio Sheng Wu. Mas nem por isso Wan Liang gostava mais do irmão. Não reconhecia o direito à diferença, nem que a vida fosse justa para todos.
Quando o tio morreu, Wan Liang, expulsa o irmão de casa. De seguida também ele parte, cansado da vida do campo. A sua ambição levou-o para a grande cidade, convencido que facilmente singraria, pois dominava corretamente a arte da escrita e o analfabetismo era ainda uma realidade, mantendo o seu povo na ignorância e isolamento.
Wan Liang vence no seu negócio; dedicando-se a escrever cartas a todas as pessoas que necessitavam de comunicar com familiares e amigos.
O tempo tudo muda e por vezes há coisas que mudam para melhor: as crianças começaram a frequentar as escolas; aprendiam a ler e a escrever, ajudando assim os mais velhos.
Deste modo, Wan Liang perde a freguesia. Aflito, lembra-se então do irmão, na esperança de que este o possa ajudar.
Mas só um coração como o de Lao Ta, o acolhe sem rancor. Ele sabe que não há lugar para a descriminação e que juntos poderão partilhar a vida: essa grande “arte”!…
Adaptação e encenação Isabel Bilou
Cenografia e adereços Joana Dias
Interpretação André Russo | Dina Nunes