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TEXTÍCULOS

Seis atores interpretam vinte e quatro personagens em treze pequenas histórias. Histórias fragmentadas e inconclusivas, convidam o espectador a partilhar a ausência do desfecho e simultaneamente a singularidade da proposta.        

TEXTÍCULOS apresenta uma escrita dramática que desafia a imaginação do espectador lançando-lhe incertezas e interrogações. De tudo o que lhe é proposto nada está definitivamente fechado, antes pelo contrário, abre um enorme espaço de suposições e dúvidas. 

Não existe uma leitura única, mas múltiplas leituras possíveis para o alcance da ficção. O espectador é estimulado a construir a partir da sua própria imaginação o desenlace ou a continuidade das “inacabadas” histórias propostas em cena. Como alternativa, também pode deixar-se envolver nesta espécie de poética do absurdo, vagueando descontraído ao sabor da ambiguidade dos temas abordados.    

O caráter pouco convencional desta “partitura” cénica abre um potencial espaço de experimentação livre e naturalmente imprevisível, mas sobretudo incentivador de novas e irresistíveis reflexões criativas.    

A importância da palavra e do gesto, matérias de que o teatro é feito, não desprezando os demais códigos da representação teatral, conferem a esta proposta um registo particular num pano de fundo profundamente humano, umas vezes sério, outras caricatural, exatamente à medida do que todos nós somos. 

A construção do espetáculo TEXTÍCULOS resulta de um trabalho que teve como base a interpretação, dramaturgia e técnicas de palco, concretizado na associação Do Imaginário durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2016. 

Interpretação Elsa Carvalho | Joana Borrego | Luís Rufo | Pedro Mocho | Rute Marchante Pardal | Vítor Castanheira
Encenação Gil Salgueiro Nave
Assistente de encenação Isabel Bilou
Sonoplastia Joaquim Oliveira | Luís Pereira
Desenho de luzes Pedro Bilou
Direção de cena Luís Rufo
Operação técnica Joaquim Oliveira
Fotografia Paulo Nuno Silva
Cartaz Luís Rufo
Costureira Vicência Moreira
Direção de produção Miguel Cintra

BARRACAS OCUPAÇÃO

“Foi quase assim.

Muito simplesmente, em plena batalha dos sem-casa contra o proprietário e os seus homens de confiança, neste campo do subúrbio, como em outros lugares, soldados vieram e, progresso histórico, ajudaram a expulsar do terreno o proprietário.

A todos aqueles que, por uma vez, se puseram ao lado dos oprimidos, dedicamos esta história.”

Direção artística Isabel Bilou
Interpretação Claudia Lázaro | Dina Nunes | Gisela Vitorino | Jorge Lourido | Luís Rufo | M.ª João Alface | M.ª da Conceição Pires | Marta Figueira | Miguel Cintra | Pedro Branco | Susana Guerreiro | Vítor Castanheira
Construção cenográfica Paulo Nuno Silva | Luís Rufo
Adereços Dina Nunes | Isabel Bilou | Jorge Lourido
Confeção e adaptação de guarda-roupa Vicência Moreira | M.ª João Alface
Iluminação João Nunes (Palha)
Operação de luz João Nunes | Sérgio Vida
Apoio dramatúrgico e musical Gil Salgueiro Nave
Fotografia Paulo Nuno Silva
Cartaz Luís Mouro
Direção de produção Claudia Lázaro

HISTÓRIA COM PÉS E CABEÇA

Inventão é a figura central desta História. Trata-se de um personagem/metáfora representado por um boneco que pensa demasiado e se confronta permanentemente com os seus próprios pensamentos, que surgem da sua cabeça num desfile de contradições.

Inventão chega a cansar-se de tanto pensar. Se os seus próprios pensamentos não se entendem, para quê continuar? Mas nem tudo se passa dentro da cabeça; lá fora faz sol, há árvores, há gente.

O boneco pensa que só brincar é um desperdício e fica num desassossego enquanto não arranja um emprego. Os seus pensamentos discordam de si, não é normal um “boneco” trabalhar. Resolvem levá-lo ao médico, que não lhe encontra nada de grave, apenas uma grande vontade de trabalhar. Receita-lhe um emprego de 8 horas por dia, para ver se lhe passa a mania.

Apesar de tudo, Inventão não consegue deixar de pensar e continua a batalhar com os seus pensamentos! E a acreditar na vida!…

A oportunidade de apresentar este texto num momento de visível crise de valores, onde a indiferença se instala cada vez mais, e o egoísmo e a insociabilidade dominam, convidamos toda a família a assistir a esta peça com densidade poética, percorrendo um caminho entre o universo ilimitado da imaginação e a liberdade de sonhar que faz prever a coexistência de um mundo real e de um mundo imaginário.

Texto Manuel António Pina
Encenação Isabel Bilou
Conceção e construção de marionetas Manuel Costa Dias
Vídeo, imagem e cartaz Joana Dias
Música original Gil Salgueiro Nave
Interpretação Claudia Lázaro | Luís Rufo | Marta Figueira

O CERCO DE LENINEGRADO

Uma divertida, comovente e surreal história de duas mulheres: Natália e Priscila, respetivamente a amante e viúva de Nestor, um diretor e encenador de teatro que morreu em circunstâncias misteriosas, enquanto ensaiava O Cerco de Leninegrado.
Há mais de 20 anos que estas duas mulheres habitam um velho e abandonado teatro, o Teatro do Fantasma, agora ameaçado de demolição para dar lugar a um gigantesco parque de estacionamento subterrâneo. Desesperadamente as duas excêntricas  mulheres tentam dar sentido ao seu passado buscando o manuscrito da peça inacabada onde  esperam ver revelado o segredo da estranha morte do encenador… Terá sido acidente, ou assassinato?
O Cerco de Leninegrado é uma reflexão subtil sobre o fim das utopias e a morte do ideal socialista versus a ascensão da “gratificante” cultura “fast food”.

Encenação Gil Salgueiro Nave
Tradução Ernesto Sampaio
Interpretação Claudia Lázaro | Isabel Bilou
Cenografia Luís Mouro
Sonoplastia Wladimiro Garrido
Desenho de Luz Jay Collin
Operação de som e luz Pedro Bilou
Fotografia Paulo Nuno Silva
Coprodução Teatro das Beiras

A MÁQUINA DA FELICIDADE

É isto a felicidade? Pensou o jovem Lucas ao acordar nessa manhã quente de Verão, com as férias grandes pela frente, sentindo-se já em correrias e brincadeiras o dia todo, até cair exausto na cama.

Ou a felicidade seria antes, conseguir os ténis de marca que viu na montra da loja do senhor Simão? Por outro lado quando o senhor Jonas, o ferro-velho da cidade, trouxesse consigo vindo de terras longínquas, de outras culturas exóticas, a sua carripana repleta de utensílios e a sua alma transbordando sabedoria e distribuísse pela avidez de todos; fascínio, fantasias e também esperanças!…não seria isso a felicidade? E dona Mafalda, senhora idosa e solitária que vê nas crianças o espelho do passado que a aprisiona às suas recordações. Às memórias que guarda como cristais num baú, receando quebrar a felicidade! “A Felicidade?”, pensou o Lucas, quando deu consigo a pedir ao senhor Leonardo, o inventor lá do bairro, homem de rara habilidade e coração grande, que fizesse uma coisa importante para a cidade. Algo que tornasse o futuro mais alegre, mais justo e infinitamente feliz.

E perante o espanto de todos, Lucas sugeriu ao senhor Leonardo que inventasse uma “máquina da felicidade” para toda a gente! E não é que o senhor Leonardo aceitou? E com entusiasmo, aplicação e muitas horas de trabalho, mesmo contra a vontade da sua mulher, Leonardo constrói o que tanta expectativa criou na cidade: A Máquina da Felicidade!… Será que resultou? Será que apesar das mãos doridas depois de um dia de trabalho, do curto salário, das “maleitas” quando a saúde fraqueja, se ouviu alguém dizer; “Sim senhor, isto é a felicidade?!”

Adaptação, encenação e dramaturgia Isabel Bilou
Assistente de encenação Marta Figueira
Cenografia e Figurinos Isabel Bilou
Sonoplastia e iluminação Wladimiro Garrido
Interpretação Carlos Moura | Claudia Lázaro | Luís Rufo | Mara Almeida/Carla Leal | M.ª da Conceição Pires | M.ª João Alface | Mauro Freira
Fotografia Paulo Nuno Silva
Canção final Gil Salgueiro Nave (letra) | Wladimiro Garrido (música)
Construção de cenografia Tomé Baixinho | Paulo Carocho
Construção de outros elementos cenográficos e adereços Luís Rufo | Paulo Nuno Silva | Dina Nunes | Miguel Dimas | Diogo Andrade | Isabel Bilou | Susana Russo
Guarda-Roupa Vicência Moreira
Cartaz Isabel Bilou

O RETÁBULO DE MESTRE PEDRO E D. QUIXOTE

A opção pela criação de “O Retábulo do Mestre Pedro e Dom Quixote” resulta de um conhecimento que ao longo do tempo fomos adquirindo, na prática e relação com os públicos que reconhecem nas nossas produções artísticas, contributos claros para estabelecimento de cumplicidades de gosto e de sensibilidade estética.

Esta peça inicia-se com uma família de cómicos de la Légua, titeriteiros descendentes diretos (dizem eles mesmos) do grande mestre Pedro, que chegam para nos contar o que sucedeu ao seu antepassado, um dia, numa hospedaria onde se encontrava o singular Dom Quixote de la Mancha.

É a partir desta situação que se desenrola o episódio; neste estão incluídas canções, opiniões, bailes, divertidas brincadeiras. Atores, músicos, marionetas de pequeno formato, que junto a figuras de tamanho humano permitem-nos aproximarmo-nos do grande clássico da literatura mundial, por um ponto de vista lúdico, pedagógico, surpreendente e até um pouco louco. Pois, loucos somos e pelos vistos continuamos a ser, para andar pelos caminhos poeirentos da nossa história partilhada, como é o caso de Portugal e Espanha desde os primórdios da história escrita.

Dom Quixote, arrebatado pela força poderosa das figuras do retábulo de mestre Pedro, atira-se contra elas, destroçando-as, rompendo-as, rasgando-as e mutilando-as, destruindo todo o universo de ficção, que confundiu com a realidade. Acaba por ficar mal tratado, ferido até aos limites do sofrimento humano. Mas, o episódio “acaba bem”, uma vez passada a fúria destruidora da sua loucura assume pagar os estragos e contribuir generosamente com o seu dinheiro para restaurar os títeres do retábulo do mestre Pedro. De um modo um tanto presunçoso, convida ainda, para jantar, todos os presentes na típica hospedaria que os alberga nessa noite.

Texto Miguel de Cervantes
Tradução Aquilino Ribeiro
Guião e encenação Gabriel Fariza
Cenários, Figurinos e Marionetas Maite Miralles
Música Gil Salgueiro Nave
Iluminação Wladimiro Garrido
Assistente de encenação Isabel Bilou
Interpretação Carlos Moura | Dina Nunes | Gil Salgueiro Nave | Luís Rufo | Susana Russo
Cartaz Maite Miralles
Fotografia Paulo Nuno Silva
Produção Ana Clemente | Sandrine Costa
Coprodução Teatro La Estrella

PRIMAVERA

O livro grande dos poemas pequenos abre-se, pela primeira vez, à estação das flores.

Nas suas folhas corre a seiva das palavras e destas despontam flores-poemas até formarem um manto verde ponteado do amarelo dos malmequeres, do vermelho das papoilas, do branco das margaridas, do roxo dos lírios…

É um chão multicolor que se estende aos nossos pés, mas que não apetece pisar, antes olhar e sonhar.

Se a chuva vier, as cores juntam-se em arco no céu a espreitar o sol, se a chuva não vier cruzam o ar borboletas passageiras ou rápidas andorinhas, a confirmarem aquilo de que já suspeitávamos: é Primavera!


Organização dos textos poéticos Teresa Rodrigues | Dina Nunes | Isabel Bilou
Direção artística e encenação Isabel Bilou
Construção plástica M.ª João Alface | Sandrine Costa | Marco Monteiro | André Russo | André Penas | Isabel Bilou
Interpretação Grace Lanna | André Penas

ALENTEJO POESIA DE MULHER

Recital centrado na divulgação da poesia alentejana escrita no feminino.

A criação poética de mulheres alentejanas do século XX numa antologia organizada a partir do espólio literário de um significativo conjunto de poetisas, cujas raízes e vivências estão intimamente ligadas a esta terra.

Uma atriz e um músico dão as palavras e o som a um recital onde se divulga a poesia de várias destas poetisas.


Interpretação Isabel Bilou
Acompanhamento Musical Joaquim Nave/Daniel Guerra/Domingos Galésio

O QUE SABEM OS PÁSSAROS

Esta é a história de dois irmãos que nasceram bem diferentes um do outro.

Wan Liang, assim se chamava um deles, era alto e forte e aprendia com facilidade tudo o que lhe ensinavam. Lao Ta, o outro irmão, era muito baixo. As suas costas curvavam-no de tal forma que dificilmente conseguia erguer os olhos do chão. Só os pássaros o compreendiam e com ele conseguiam comunicar.

Desde crianças, os dois irmãos foram criados e educados de igual forma pelo tio Sheng Wu. Mas nem por isso Wan Liang gostava mais do irmão. Não reconhecia o direito à diferença, nem que a vida fosse justa para todos.

Quando o tio morreu, Wan Liang, expulsa o irmão de casa. De seguida também ele parte, cansado da vida do campo. A sua ambição levou-o para a grande cidade, convencido que facilmente singraria, pois dominava corretamente a arte da escrita e o analfabetismo era ainda uma realidade, mantendo o seu povo na ignorância e isolamento.

Wan Liang vence no seu negócio; dedicando-se a escrever cartas a todas as pessoas que necessitavam de comunicar com familiares e amigos. 

O tempo tudo muda e por vezes há coisas que mudam para melhor: as crianças começaram a frequentar as escolas; aprendiam a ler e a escrever, ajudando assim os mais velhos.

Deste modo, Wan Liang perde a freguesia. Aflito, lembra-se então do irmão, na esperança de que este o possa ajudar. 

Mas só um coração como o de Lao Ta, o acolhe sem rancor. Ele sabe que não há lugar para a descriminação e que juntos poderão partilhar a vida: essa grande “arte”!…

Adaptação e encenação Isabel Bilou
Cenografia e adereços Joana Dias
Interpretação André Russo | Dina Nunes

CANÇÕES DE AMOR E RAIVA NA SELVA DAS CIDADES

De BRECHT/WEILL

“Canções de amor e raiva na selva das cidades” traduz para nós a inquietação dos tempos que correm. As incertezas no futuro, a urgência de caminhar sobre novos caminhos, a necessidade de construir outros destinos, a vontade de encontrar em cada homem um amigo e não um lobo. De Brecht, esclarecido poeta, observador/narrador do seu conturbado tempo, quem diria hoje tão fecunda e premonitória a sua visão do mundo!

Cá estamos de novo á beira da cratera, se é que alguma vez de lá saímos, envoltos no fumo das cidades caóticas, correndo sem saber onde chegar, alguma vez de lá saímos, envoltos no fumo das cidades caóticas, correndo sem saber onde chegar, faminto. Que tempos estes! Em que falar de amor supõe o esquecimento dos que esgravatam nos despojos excedentes da abundância. O ódio tem a cor cinzento-chumbo nas colinas de Bagdad e nas “favelas” do Rio e o mundo assim não tem paz. Como preparar a terra para os vindouros, como construir-lhes a esperança?

Tantas perguntas e tão poucas respostas!


Interpretação Susana Russo | Hélder Filipe Gonçalves | Gil Salgueiro Nave/Rui Nuno
Colaboração Paulo Nuno Silva | M.ª João Alface | Dina Nunes
Direção Artística Gil Salgueiro Nave